Pacto pela memória - Wadih Damous

Queremos aqui propor, publicamente, aos candidatos a prefeito do Rio de Janeiro, que assumam um compromisso com a verdade e a memória de fatos acontecidos durante os anos da ditadura militar, para que sua lembrança torne-se permanente e o conhecimento de episódios ainda pouco divulgados de nossa história seja transmitido às futuras gerações, fortalecendo os princípios da democracia e do Estado de Direito.

 

A OAB do Rio gostaria que cada candidato a governar nossa cidade empenhasse sua palavra para, se eleito, pactuar com a advocacia e as entidades de defesa dos direitos humanos a instalação de placas, monumentos e indicativos nas ruas, praças e prédios públicos onde tenham ocorrido prisões arbitrárias, torturas, desaparecimentos forçados e outras violações aos direitos humanos.

 

Tal iniciativa, nos moldes da celebrada pela prefeitura de Porto Alegre em seu projeto Marcas da Memória, funda-se no entendimento de que a história resgatada, mesmo dolorosa, é parte da construção de uma sociedade sadia, de valoração da cidadania plena a partir da consciência de cada indivíduo. Nesse sentido, outras capitais do mundo buscaram reavivar esses valores, como em Paris, onde foram instalados marcos da resistência francesa ao nazismo.

 

Esse desejado pacto com quem vier a ser nosso prefeito terá, da Ordem dos Advogados, toda colaboração no sentido de recuperar informações e indicar os locais onde funcionaram centros de detenção e tortura. E a esse projeto se integraria outro há algum tempo abraçado por nós, o de seu tombamento e transformação em espaços de manifestações culturais e pulsantes debates para reafirmação dos valores democráticos. Para que o arbítrio jamais se repita.