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Publicado em 30 de Novembro de -1

Abertura de congresso na OAB/RJ discute regularização fundiária

A modificação do Estatuto da Cidade e do programa Minha Casa, Minha Vida para que se possa conceder a terceiros o direito de construção em lajes foi a principal questão levantada pelo professor emérito da Uerj e ex-presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) Ricardo Pereira Lira na abertura do I Congresso de Direito Ambiental Imobiliário da OAB/RJ. O evento, inédito, foi realizado sexta-feira, dia 13, na Seccional.


Abertura de congresso na OAB/RJ discute regularização fundiária

Fonte: redação da Tribuna do Advogado
 
A modificação do Estatuto da Cidade e do programa Minha Casa, Minha Vida para que se possa conceder a terceiros o direito de construção em lajes foi a principal questão levantada pelo professor emérito da Uerj e ex-presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) Ricardo Pereira Lira na abertura do I Congresso de Direito Ambiental Imobiliário da OAB/RJ. O evento, inédito, foi realizado sexta-feira, dia 13, na Seccional.
 
 Não acredito no usucapião como forma de regularização fundiária
Ricardo Lira
"Não acredito no usucapião como forma de regularização fundiária", afirmou Lira, explicando que alterações nos textos como a redução dos prazos de ocupação e a eliminação da necessidade desse uso desburocratizariam o processo, assim como a regularização da sobrelevação, caracterizando o que é chamado de "direito de laje", situação semelhante às previstas em Códigos Civis europeus.
 
O professor criticou governos atuais e passados, afirmando nunca ter havido uma política pública efetiva tendente a criar uma verdadeira reforma agrária. "Os ex-presidentes Fernando Henrique e Lula realizaram alguns assentamentos destinados a isso, mas eles não foram eficientes". Para ele, isso aconteceria pelo fato de a reforma agrária não interessar às elites, assim como a reforma política - "Por isso não teremos uma tão cedo".
 
Roberto Pereira Lira, ex-presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros
Em relação à política de remoção da Prefeitura do Rio, Lira acredita ser uma equivocada tentativa de transformar essa ação em política urbanística, enquanto o esperado, segundo ele, seria a regularização fundiária. "Em nome de grandes eventos, a Prefeitura tem jogado a poeira para baixo do tapete, fazendo remoções dilacerantes, que em nada compensam o que o indivíduo que vive naqueles locais construiu com o seu esforço".
 
"As funções sociais da propriedade, o direito de todos à cidade e uma gestão democrática dos interesses 
Em nome de grandes eventos, a Prefeitura tem jogado a poeira para baixo do tapete, fazendo remoções dilacerantes
Ricardo Lira
urbanos são fundamentos que conduzem a uma cidade sustentável, atestou, afirmando que a sustentabilidade da regularização fundiária está no conjunto de ações de urbanização e legalização da posse com políticas  preventivas que busquem o equilíbrio entre os interesses de todos os que nela habitam ou por ela passam.
 
"Não se pode conceber, por exemplo, que em cidades civilizadas como São Paulo e Rio, um indivíduo leve três, quatro horas para chegar ao seu trabalho ou voltar. Isso caracteriza a deficiência de um dos requisitos fundamentais, que é o da mobilidade urbana".
 
A palestra inicial teve apresentação do advogado e membro da CDA Ronaldo Coutinho e abertura dos presidentes das comissões organizadoras do evento, Flávio Ahmed (Direito Ambiental) e José Ricardo Lira (Direito Imobiliário). Ambos frisaram a importância do diálogo entre as matérias no momento em que o Rio de Janeiro se torna patrimônio histórico da humanidade. "Serão estabelecidas, a partir de agora, novas restrições e condicionamentos para o exercício do direito de propriedade", disse Ahmed.
 
O congresso continuou ao longo do dia, com paineis que discutiram concessões urbanas, comunidades quilombolas, a ocupação da Zona Portuária do Rio e o licenciamento ambiental de empreendimentos imobiliários, entre outros.