O presidente da OAB/RJ, Wadih Damous, considerou de extrema
importância o Plenário da Câmara dos Deputados votar nesta terça-feira,
dia 8, a PEC do Trabalho Escravo 438/01, aprovada em primeiro turno em agosto de 2004
e, desde então, aguardando votação em segundo turno. A proposta prevê a
expropriação de propriedades rurais ou urbanas onde for constatado
trabalho escravo.
"Enquanto a votação não ocorre, não se sabe se por falta de vontade
política ou interesses poderosos, cabe-nos a vergonha e também a
mobilização da sociedade pelo fim da escravidão no século XXI", afirmou
Wadih.
Segundo o texto da PEC, o proprietário não terá direito a qualquer indenização,
e os bens apreendidos serão confiscados para serem revertidos em
recursos de um fundo cuja finalidade será definida em lei. Nos últimos
anos, o Governo Federal vem detectando inúmeros casos de trabalho
escravo. Um exemplo disso é o caso de bolivianos e peruanos encontrados
em São Paulo trabalhando em uma empresa da cadeia têxtil em condições
degradantes e submetidos a jornadas de até 17 horas.
Para Wadih, o triste paradoxo é que o aliciamento desses imigrantes,
vindos de países onde faltam ofertas de empregos, é proporcionado pela
expansão da demanda e pelo crescimento brasileiro no setor. E, embora
esses flagrantes na cadeia têxtil tenham chamado a atenção por sua
localização em áreas urbanas e pelo envolvimento de marcas famosas, é no interior brasileiro, principalmente em fazendas, onde está a maioria da mão de obra aliciada. "Os estados do Pará e de Mato Grosso encabeçam o ranking perverso", lembrou o presidente da Seccional.
Desde março deste ano, funciona na Câmara a Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) do Trabalho Escravo, criada para investigar denúncias
sobre essa prática com base na chamada "lista suja" elaborada pelo
Ministério do Trabalho. Constam da lista . A CPI é presidida pelo deputado Cláudio Puty (PT-PA). O relator é o deputado Walter Feldman (PSDB-SP).